Como se fundou a CARITAS.
Em 1945, terminada a II Grande Guerra, Fernanda Jardim fundou a CARITAS. Durante mais de vinte anos Fernanda Jardim esteve à frente deste movimento que surgiu na sequência de um apelo do Papa Pio XII para salvação de algumas das crianças afetadas pelo flagelo recente.
Este apelo dirigiu-se à Cruz Vermelha Portuguesa, mas foi recebido e acolhido pela CARITAS (organismo que foi criado especificamente para tal).
Fernanda Jardim tinha 34 anos quando criou a União da Caridade Portuguesa. Os primeiros estatutos da CARITAS datam de 1946 e neles se regista que a direção deverá ser composta por cinco mulheres. O objetivo era ajudar as crianças desfavorecidas. No início, não tem ligação formal à Igreja.
A primeira grande ação da CARITAS foi a organização de viagens para milhares de crianças virem passar três a oito meses a Portugal após a II Grande Guerra.
Apesar do contexto, a campanha foi polémica internamente, pois havia quem fosse de opinião que se deveria investir nas nossas crianças, que viviam com muitas dificuldades, e não nas crianças estrangeiras.
Fernanda Jardim contou com o apoio do então Primeiro Ministro, António de Oliveira Salazar. Consta (segundo documentos da época) que o político se terá afeiçoado a várias crianças austríacas.
O acolhimento das crianças vindas do mundo em guerra explica-se se tivermos em conta que 75% dos donativos eram de origem estatal. Entre 1946 e 1958, segundo Fernanda Jardim, a CARITAS recebeu 11 mil contos em dinheiro e 33 mil em subsídios de estado - a que se acrescentariam isenções fiscais.
A grande maioria destas crianças regressou ao seu país, com outro aspeto. Os tempos aqui passados, numa fase de crescimento, deram-lhes um olhar saudável e feliz. Os tempos passados em Portugal não foram esquecidos. Prova disso é que muitas ainda regressam, sempre que possível . Portugal é o lugar onde foram felizes.
Depois do acolhimento das crianças da guerra, a grande missão da CARITAS foi a distribuição, pelos pobres portugueses, dos excedentes alimentares dos Estados Unidos.
Fernanda Jardim abandonou a liderança da CARITAS em 1968. Uma série de intrigas e suspeitas nunca esclarecidas fizeram com que esta pedisse a demissão do cargo.
Professora Margarida Delgado