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  • Autora: Ana

A PLANTA DO AMOR

Atualizado: 15 de fev. de 2022


Era uma vez uma terra onde as flores vingavam. Todas as flores floresciam com excesso de amor. As pessoas dessa terra, alimentavam-se de uma planta chamada amor, plantada com muito carinho. Todos tinham que comer. A planta era azul, os pássaros livres, as crianças brincavam seguras, as pessoas cumprimentavam-se todos os dias com respeito, a entreajuda predominava, os velhinhos sorriam apesar das maleitas e tinham companhia. A palavra solidão não existia no dicionário. Os animais não eram abatidos uma vez que estes comungavam os mesmos princípios.

Certo dia, numa noite fria, a planta do amor fora roubada por um bando de gananciosos que a pretendiam vender a troca de barras de ouro, especulava-se... De manhã fora dado o sinal de que as sementes do amor haviam sido roubadas do armazém, onde se encontravam num cofre, a sete chaves fechadas.

Gerou-se o pânico na população, pois sem a planta do amor, teriam de se alimentar com plantas que, estas sabiam, não serem tão boas para a sua saúde. Temia-se o pior... As pessoas desorientadas, alimentando-se de plantas comuns e alternativas às do amor, mudaram o seu comportamento... Começaram a viver num frenesim de avidez, a ver quem conseguia as melhores plantas para comer, deixaram de ter tempo para se cumprimentar ou respeitar os valores fundamentais da existência humana. Com vergonha de ficarem pobres, começaram a roubar o máximo de plantas possível, pois quem mais plantas tivesse, mais elevado estatuto teria. Tudo ficou amargo e descontrolado. As fábricas fabricavam mais e mais plantas, cada vez mais variadas, sem a componente do amor, e, em consequência, poluíram os rios e os oceanos. Morreram os peixes e a água ficou negra como carvão. Nunca mais se pôde nadar ou pescar nesses rios e oceanos.

Um dia alguém disse: basta! E decidiu tentar encontrar quem tinha roubado a planta do amor. Viajou por todo o mundo, um ano inteiro, e, tudo o que via, era escuridão, escravidão, infelicidade e desilusão... Decidiu continuar, mais determinado ainda…

Chegou ao fim do mundo extenuado! Vira tanta coisa má... Só lhe restava um último lugar para procurar. Foi aí que encontrou um lugar harmonioso, pacífico e calmo que lhe era familiar. Chamava-se a terra do Pilar. Aí, encontrou uma enorme planta do amor à entrada. Perguntou ao guarda quem tinha plantado aquela planta ali. Este respondeu que fora um condor a quem lhe haviam roubado os filhotes e que sofrera um grande desgosto por causa disso. Ouvira falar da planta da salvação e fora em busca dela na esperança de que esta lhe trouxesse os seus filhotes de volta, e apelando a esta, esta acabou por lhe conceder o seu pedido, porque os sequestradores dos seus filhotes sucumbiram ao amor demonstrado pelos pais dos filhotes ao suplicarem pelos filhos. Este Condor teria sobrevoado uma povoação onde havia a tal planta milagrosa do amor e que tudo conseguia resolver e resolvera trazê-la para salvar a sua família que também sofria de um mal letal. Todos estavam a morrer dos pulmões por respirarem um ar poluído, todos os dias... Morriam como “tordos” com cancro no pulmão. Então o homem disse-lhes: Eu procuro esta planta. Esta planta era nossa e foi-nos roubada. Sim, disse o guarda, foi furtada por amor, também, não por ganância para alguém enriquecer, mas para salvar alguém da morte. Agora, só resta uma solução, dividirmos a planta sabiamente entre todos para que o mal acabe entre as nossos dois mundos: será a solução mais humana a encontrar porque não se tratou de errar, mas de salvar a humanidade, um gesto de desespero que espero todos tenhamos quando virmos os nossos irmãos perecerem.

Autoria: Ana

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